Com o avanço da Tecnologia da Informação, a contabilidade se faz cada vez mais importante no cenário econômico de todos os tipos de entidades, sendo mais sensível para entidades com faturamentos altos como governos, empresas de grande porte e entidades esportivas.
É possível observar a importância da contabilidade em países desenvolvidos onde os contadores são respeitados e disputados por grandes entidades. Como exemplo, podemos utilizar a Inglaterra onde a certificação do contador é dado pela própria rainha e nos Estados Unidos segundo pesquisas ao ser perguntado qual seria a melhor vocação par seus filhos as respostas são médicos, advogados e contadores.
Nos países desenvolvidos os auditores são muitos admirados e respeitados, sendo feito um grande investimento na área contábil e fiscal. Além de auditorias externas, muitas empresas já possuem a filosofia de uma auditoria interna atuante, responsável e, principalmente, autônoma.
Com a implantação da nota fiscal eletrônica e das obrigações fiscais e contábeis também eletrônica aqui no Brasil, a contabilidade está sendo vista com outros olhos, pois para o país se desenvolver a contabilidade é de supra importância neste processo.
A contabilidade vai muito mais do que simplesmente apurar impostos, hoje a contabilidade tem que ser ativa, pois além de registrar as operações financeiras e controlar o patrimônio (função original da contabilidade), a contabilidade deve informar à seus usuários soluções para os problemas e otimização nos processos e recursos das entidades.
Apresentaremos a seguir o quadro macro da receita, despesas e do lucro (ou prejuízo) apurado pelo clube desde 2002 até 2014. Lembrando que esses dados foram retirados dos balanços publicados pelo Vasco e são de natureza pública. Esses balanços foram auditados por auditores externos.
Podemos observar no gráfico 01 que desde 2002 o Vasco só teve dois anos de lucro, sendo em 2005 algo em torno de 13 milhões e em 2011 algo em torno de 4 milhões em 2011.
Em todos os outros anos o Vasco teve prejuízo, sendo o valor acumulado já descontando o lucro desses dois anos informados, no valor de 413 milhões de reais. Fazendo uma média, seria como se o Vasco tivesse 34,4 milhões de prejuízo anual ou 2,9 milhões de prejuízo todos os meses de 2002 até 2014.
Chamo a atenção para a evolução da receita do clube nesse período que apresento no gráfico a seguir.
Observamos que houve um substancial aumento da receita do clube no decorrer dos anos, principalmente entre 2010 e 2011. Esse aumento é sentido principalmente pelo aumento na cota do direito da televisão.
Não é possível apurar muito sobre as receitas, pois até 2010 todas as receitas de futebol eram apuradas em uma única conta, sendo somente a partir de 2011 os valores separados por tipo de conta (Direitos de transmissão de TV, Bilheteria, Marketing, Direitos Federativos, etc). Ainda assim, podemos observar que o ano de maior faturamento do clube foi em 2013 quando o clube faturou em torno de 150 milhões.
De 2003 para 2014 o aumento da receita foi em torno de 3,4 vezes, começando com 36 milhões em 2003 e terminando em 124 milhões em 2014, ou seja, uma aumento significativo e que mexeu com a estrutura do clube e seu principal esporte, o futebol.
Com a entrada de muitos recursos no clube, a despesa acompanhou esse crescimento repentino. Não cabe a aqui o julgamento da má utilização dos recursos, neste momento estamos apenas analisando os fatos. No gráfico a seguir é apresentado a evolução das despesas nesse mesmo período.
O gráfico das despesas é distorcido para cima por causa do balanço patrimonial de 2008, no qual apresentou um prejuízo de 276 milhões de reais. Esse prejuízo não aconteceu somente no ano em questão, mas foi uma correção dos prejuízos apresentados nos anos anteriores encontrados pela auditoria PS Contax & Associados. De qualquer maneira, podemos utilizá-lo e diluí-lo na média, mas os valores apresentados são esses.
É possível observar que excluindo o ano de 2008, as linhas dos gráficos da receita e despesa andam muito juntos, mas a despesa sempre acima da receita, o que caracteriza o prejuízo do clube ao longo dos anos.
Nesse panorama podemos concluir que o futuro do clube é algo tenebroso, pois nenhuma entidade consegue se sustentar tendo prejuízo ano após ano. Se não houver uma mudança brusca, a falência da entidade é algo iminente e por maior e mais apaixonante que nossa torcida seja, não é possível se sustentar. Na visão macro, um plano de contingência de despesas se faz mais do que necessário, sendo fundamental para a sobrevivência do clube.
Serão apresentados novas colunas com maiores detalhes das receitas, dívidas e despesas, apresentando soluções claras e objetivas. Minha idéia não é ensinar ninguém a administrar e gerir o clube, mas sim contribuir com uma visão diferente apresentando fatos e dados concretos.
Saudações vascaínas e até a próxima.
Por Diego Carvalho – Conselheiro Fiscal do Club de Regatas Vasco da Gama