De quatro em quatro anos, o calendário do futebol brasileiro oferece a possibilidade de os departamentos médico e físico dos clubes trabalharem sem limitações. Com o dobro do tempo em relação ao padrão das pré-temporadas, a paralisação para a Copa do Mundo é vista como uma das principais armas para colocar os jogadores na melhor condição física e técnica para suportar a sequência até dezembro. O Vasco passou sérias dificuldades por causa de lesões e queda de rendimento geral nos últimos tempos e, agora, o preparador Daniel Gonçalves aposta na redução dos casos.
– A incidência de lesões está relacionada à sequência extenuante de jogos. Os atletas não se recuperam adequadamente e, sem isso, aquele que está fadigado vai se lesionar. O nível físico, pela preparação, pode estar elevado, mas o componente técnico é que faz diferença. E não dá para cobrar de um fadigado sua total qualidade, porque a coordenação, com equilíbrio e raciocínio, são afetados imediatamente. É um questionamento importante dentro do futebol brasileiro e, por isso, esse tempo foi extremamente festejado – explicou Daniel.
Após comandar os primeiros três dias de treino em Pinheiral, quando a prioridade foram as avaliações, e o elenco praticamente não tocou na bola, o profissional contou que foi traçado um plano para que o ápice fosse atingido nas quatro partidas decisivas do estadual, entre o fim de março e o começo de abril. Naquele momento, os jogadores de fato mostraram os melhores índices, mas o título ficou pelo caminho devido a um erro de arbitragem nos últimos instantes da final contra o Flamengo. E isso também foi psicologicamente determinante para que o desgaste acusasse na Série B.
– A gente esperava que a conqusta do Campeonato Carioca nos desse moral para continuar num ritmo bom. Haveria um momento de maior cuidado, mas não previmos necessariamente a queda acentuada. Fizemos tudo para atingir o ápice, tivemos sucesso, mas a perda, da forma como foi, dificultou a mobilização da equipe para o jogo contra o Resende, na quarta-feira seguinte (pela Copa do Brasil) e no início da Série B. Isso culminou no desempenho inaquedado e acho que os fatores gerais, como não ter São Januário, a torcida em vários jogos, as viagens longas, também pesaram bastante.
Entre os afetados na situação, Rodrigo, Pedro Ken e Edmílson tiveram sérias lesões musculares. Além deles, André Rocha, Diego Renan e Douglas também conviveram com fortes dores e foram poupados quando possível. Guiñazu, com uma fratura no pé direito, e Everton Costa, que teve constatada uma arritmia no coração e pode ter que abandonar o futebol, completam a lista.
– Quando ficamos com um jogador a menos (Everton Costa foi expulso), o Edmílson, que já estava com níveis altos de fadiga, passou a dar combate na defesa, correu muito no fim daquele jogo e ficou extenuado. Era quase inevitável que ele apresentasse algum problema. Nós temos de trabalhar no limite com esse calendário apertado e, mesmo com a ciência ampla de possibilidades e controles que envolve o esporte hoje em dia, numa final, por exemplo, não dá para ordenar que se tire o jogador que está, naquele momento, em condições de atuar. Depois é que vêm as consequências – argumentou.
No clube desde 2003, quando era fisiologista, Daniel Gonçalves reconheceu que há muito o que se fazer até o dia 15 de julho, data do jogo contra o Santa Cruz, pela Série B. Ele evita citar nomes de quem se reapresentou melhor ou pior, e apenas ressalta que a meta é homogeinizar.
– Temos que corrigir algumas situações, sim, e vamos aproveitar as quatro semanas para isso. O grupo é muito heterogêneo. O atleta que não é resistente, é potente, e vice-versa. Tentaremos homogeinizar a equipe para que o Adilson possa escalá-la da melhor forma possível.
Fonte: GloboEsporte.com