Com breve passagem pelo Vasco, Marquinhos não se vê longe do Flamengo e sonha com vitória no clássico: “É diferente”

Aos 32 anos, o ala Marquinhos é um dos pilares do time do Flamengo, comandado por José Neto. Sua identificação com as cores da equipe é tamanha que parece que ele foi criado na Gávea. Mas, para chegar até lá, rodou. E muito.
Começou sua carreira no Bauru, teve passagens por Corinthians, São Carlos e Pinheiros, no Brasil; Victoria Libertas e Sutor Montegranaro, na Itália; e New Orleans Hornets, Tulsa 66ers e Memphis Grizzlies, nos Estados Unidos. Em 2003, teve uma breve passagem pelo Vasco da Gama, arquirrival do clube que conquistou seu coração e adversário do Novo Basquete Brasil no próximo sábado, às 14h (de Brasília), em Manaus. Apesar de guardar com carinho a experiência no Cruz-Maltino por se tratar de seu início na categoria adulto, o número 11 não se vê com outra camisa na atualidade.

– Lembro muito pouco mesmo (do Vasco), porque joguei praticamente só três, quatro meses, mas foi um momento especial, porque eu estava começando. Agradeço muito por ter aberto as portas para mim, mas infelizmente lembro pouco, porque nosso time foi desclassificado no primeiro playoff. Foi onde comecei a trilhar meu caminho. Calhou de, logo depois da eliminação, o Vasco ficar um longo período sem disputar. Mas fico feliz que o Vasco voltou, é um time de camisa, veio para acrescentar no basquete nacional, tem tradição e muitos títulos… Eu sou apaixonado pelo que vivo diariamente no Flamengo. Minha história com o Flamengo é muito bonita. Sou tetracampeão do NBB, campeão mundial, inúmeros títulos. Eu, Marcelinho e Olivinha temos uma história muito bonita aqui e não vejo minha história em outro lugar que não seja no Flamengo – comentou.

De fato, desde o início, Marquinhos trilhou um caminho de sucesso no Rubro-Negro. Ele chegou em 2012 juntamente com o técnico José Neto para um projeto que se tornaria extremamente vitorioso. Logo em sua primeira temporada no time, o camisa 11 liderou o elenco desfalcado de seu principal atleta, Marcelinho Machado, que sofreu uma ruptura do ligamento cruzado anterior e ficou fora daquela edição do NBB, a 20 vitórias seguidas e, no fim das contas, ao título. Ele, aliás, foi eleito o MVP daquela temporada da competição nacional.

Em 2017, o time já conquistou o título estadual sobre o Vasco da Gama. O objetivo a longo prazo, é claro, é conquistar o título do NBB – o Flamengo disputaria também a Liga das Américas, mas, assim como Bauru e Mogi, ficou fora do torneio por conta da suspensão da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) pela Federação Internacional (Fiba). Mas, a curto prazo, Marquinhos e cia. só pensam em sair vitoriosos do clássico de sábado contra o Cruz-Maltino, que é válido pelo returno da competição. Afinal, no primeiro jogo, que aconteceu na Arena da Barra de portões fechados, deu Vasco. E por um ponto de diferença apenas (78 a 77).

– O momento agora é completamente diferente do primeiro jogo, onde jogamos sem quatro jogadores. Vamos jogar a próxima sem um só (Humberto, ainda em recuperação de lesão). Mas os jogadores que voltaram (Marcelo, Fischer, Hakeem Rollins) vêm fazendo um campeonato muito bom. Vão acrescentar e acredito num cenário diferente. Estamos vindo de uma semana muito boa de treinamentos também. Tenho certeza que vai nos ajudar a fazer um bom jogo também. Quanto à torcida de Manaus, eu fico feliz porque é uma porta que se abre. Eu espero que esse jogo possa ser recorde de público, de audiência, um clássico especial que Flamengo e Vasco podem proporcionar para quem gosta de basquete. É um jogo diferente e vou fazer de tudo para vencer.

O Flamengo lidera o NBB com 72,7% de aproveitamento (16 vitórias e seis derrotas em 22 jogos), sendo que Marquinhos é um dos destaques da campanha. Para se ter uma ideia, ele é o maior pontuador rubro-negro e quarto maior do campeonato, com média de 19 pontos por partida (Shamell, do Mogi, lidera nesse quesito com 20,3 pontos). Se vive uma boa fase aos 32 anos, ele credita isso também à experiência. As passagens pelo basquete italiano e pela NBA, segundo o jogador, ajudaram muito.

– São dois basquetes totalmente diferentes. O americano é um jogo de muita transição, muito um contra um. O europeu é mais estudado, cadenciado, de procurar a todo momento um buraco para ir minando o adversário. Essas duas coisas acrescentaram muito ao meu jogo. Essa parte tática, essa parte do um contra um também. Uso muito dos dois igualmente hoje – comentou o atleta, acrescentando também que sempre se preocupou muito com a parte de preparação física e com a rotação em várias posições para melhorar seu jogo.

– Eu já nasci com essa parte de velocidade, por ser um cara magro, ter começado muito cedo no basquete, ter rodado em todas as posições. Desde o pivô ao ala-armador consigo jogar. A cada ano procuro fazer algo diferente: arremessar mais, jogar mais em velocidade, e acho que isso vem melhorando meu basquete com o tempo – relatou o jogador de 2,07m e 106kg.

Marquinhos ficou menos do que gostaria na NBA. Em 2006/2007, jogou pelo New Orleans Hornets. Em 2007/2008, esteve emprestado ao Tulsa 66ers, na Liga de Desenvolvimento, e em 2008/2009, atuou pelo Memphis Grizzlies. O ala acredita que foi muito novo para os Estados Unidos e, por isso, talvez não tenha aproveitado como gostaria. Hoje, diz ele, “teria outra postura”. O jogador relembrou que teve a chance de ir novamente para a liga americana em 2014, mas abriu mão por causa do Flamengo. Perguntado sobre atletas como Bruno Caboclo e Raulzinho, que ainda buscam seu espaço por lá, Marquinhos demonstrou confiança nos brasileiros.

– Em 2014, tive um convite muito forte de uma equipe que eu já tinha jogado, o New Orleans, e conversei com outra equipe também, o Dallas, mas por questão de família, de preferência, de estar bem alojado no Rio de Janeiro e com a Olimpíada por vir, eu queria fazer um ano bem forte aqui para fazer a Olimpíada. Não fecho a porta para nada, mas naquele momento preferi seguir no Flamengo. Há um tempo recebi uns convites de fazer parte de times na parte de treinamento, de repente buscar um lugar no time, mas meu momento é totalmente diferente, porque vivo num clube que eu amo, que visto a camisa mesmo, que adoro jogar… Faço de tudo para representar a torcida e não me vejo saindo. Os jovens que estão na NBA hoje estão fazendo o que podem, são grandes jogadores e estão demonstrando seu valor lá fora. Eles foram contratados por essas equipes porque têm a acrescentar. É esperar o momento porque a hora deles vai chegar.

Além do Flamengo, Marquinhos ainda pretende vestir uma camisa em especial por muito tempo, a da seleção brasileira. Apesar de a última experiência ter sido frustrada (o Brasil acabou eliminado precocemente na Olimpíada com uma atuação irregular na fase de grupos), o ala acredita que ainda pode ajudar muito representando seu país.

– Pretendo seguir na seleção, com certeza. Adoro jogar pelo Brasil, representar o povo brasileiro e sempre que puder vou estar jogando – concluiu.

Fonte: GloboEsporte.com

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