São pouco mais de 30 minutos do segundo tempo, e Loco Abreu vê a chance de arrancar. O atacante se posiciona para receber a bola do companheiro, que demora e a entrega atrasado. O uruguaio é desarmado e logo se vira para conversar. Está inquieto. Troca gestos, explica como queria o passe. Em vão.
A cena se repetiu diversas vezes no duelo entre Bangu e Vasco, pelo Campeonato Carioca, em Moça Bonita. Loco, principal jogador do time da casa, pouco tocou na bola. Mas, quando o fez, foi para ser protagonista. Para o bem e para o mal. Desperdiçou um pênalti no primeiro tempo que poderia ter colocado a equipe na frente do placar. Com um toque sutil, empatou o jogo na etapa final e chegou ao 400º gol na carreira.
Contratado pelo Bangu para o Carioca, Loco fez seu primeiro jogo contra um time grande do Rio de Janeiro. Justo contra sua principal vítima: pelo Botafogo, marcou seis vezes contra o Vasco. Desta vez, porém, não teve tantos motivos de felicidade.
Antes do jogo, camisas com o número 113 de Loco abundaram nos arredores de Moça Bonita. Versões piratas eram vendidas do lado de fora do estádio. Dentro, torcedores de todas as idades ostentavam o uniforme. Ao entrar em campo, o uruguaio trouxe consigo uma pequena legião de crianças.
Com a bola rolando, porém, Loco ficou isolado, sem companhia. O Vasco foi melhor no primeiro tempo, e o uruguaio pouco foi acionado pelo alto, sua especialidade. Por diversas vezes, tentou combinar jogadas com os companheiros. Mas sua única chance veio na hora de bater o pênalti. Em vez da cavadinha, buscou o canto esquerdo, mas foi barrado por Jordi.
O segundo tempo começou melhor para Loco. Logo aos oito minutos, aproveitou cruzamento de Raphael Augusto e cabeceou no canto para empatar o jogo. Para festejar, a velha comemoração tradicional, no melhor estilo uruguaio.
A festa durou pouco, porém: Thalles colocou o Vasco na frente em seguida e, a partir daí, o filme se repetiu. Loco sozinho entre os zagueiros, sem ter com quem conversar – nem tabelar.
Fonte: GloboEsporte.com