Bruno Gallo x Serginho

Muito se falou sobre a polêmica arbitragem do jogo entre Avaí e Vasco, na Ressacada. Pouco foi citada uma mudança que, ao meu entender, foi crucial para que o Cruz-Maltino perdesse o controle do jogo: a troca de Bruno Gallo por Serginho.

A alteração promovida por Jorginho não mudou a estrutura do time, que joga – inicialmente, pois há variações – com um losango no meio campo, com Gallo fazendo a função de volante, Andrezinho pela esquerda, Julio dos Santos pela direita e Nenê mais avançado. Mas mudou a característica do setor.

Bruno tem sido o cérebro da meia, o jogador que dita o ritmo e comanda a saída de bola, inclusive orientando seus companheiros. Já Serginho é um cabeça de área clássico, mais pegador, mas que tem menos objetividade no passe. É um camisa 5 de toques laterais, como Guiñazu, não um criador de jogadas, como Gallo.

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A mudança do treinador não foi apenas seis por meia dúzia, um volante por outro. Saiu um meia que fazia a função de transição com qualidade e entrou um desarmador. Com isso, o Vasco passou a abusar da ligação direta, já que a referência no meio foi perdida.

Os números dos dois na partida mostram a diferença. Ambos atuaram por 45 minutos, mas Gallo deu mais que o dobro de passes certos que Serginho: 25 x 11. Prova da importância de Bruno na ligação entre defesa e ataque, e de sua maior participação no jogo do que seu substituto.

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Jorginho, aparentemente, sacou o jogador por já ter cartão amarelo, mas até onde vale sacrificar seu esquema em função de uma possibilidade? A mesma chance que Bruno Gallo havia de ser expulso, qualquer outro também tinha. Tanto que os expulsos foram Rafael Silva e Jorge Henrique, que não haviam sido punidos anteriormente. Não dá para prever.

Serginho entrou e acabou amarelado com apenas 10 minutos em campo. Poderia ter sido com menos, com mais ou nem ter sido, mas foi. No fim, o treinador passou 80 minutos – mais acréscimos – com seu volante pendurado. Mas os dez minutos custaram o bom futebol que vinha apresentando.

‘- Ah, mas se fosse o Gallo, teria sido expulso no lance em que o Serginho recebeu o amarelo’. Não, não dá para prever esse tipo de coisa. Outro jogador, outra partida, outro lance, outra forma de marcar… A jogada nasceu numa matada errada do volante, uma canelada que virou contra-ataque, será que teria acontecido o mesmo? Impossível afirmar.

O técnico vascaíno se apressou na troca, poderia ter esperado o início do segundo tempo para analisar se o risco de expulsão era real, afinal, não foi a primeira vez que um jogador ‘de defesa’ do clube recebeu cartão na etapa inicial. E nem será a última. Luan e Rodrigo passam por isso constantemente e não são sacados. Ainda mais quando há um domínio do jogo, como houve no primeiro tempo.

Jorginho agora precisa treinar alguém para fazer essa função caso perca o titular em algum momento da competição. Serginho mostrou que não consegue exercer o mesmo papel. Não mantendo o padrão de toque de bola mais efetivo e menos lateral. Matheus Índio tem características parecidas e pode ser lapidado para exercer essa função. Pode ser uma tentativa. Jhon Cley também seria, mas já deixou a Colina.

A utilização de um meia de origem na função de primeiro volante é uma evolução grande, não apenas no resultado imediato, mas a longo prazo. Uma mudança de Jorginho que deu certo. Já a outra…

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Fonte: L! – Blog do Garone

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