Aos poucos o ambiente político do Vasco fica novamente conturbado. Desta vez, porém, o clima não é dos melhores no grupo de oposição, que possui trinta cadeiras no Conselho Deliberativo. Isso porque o advogado Alan Belaciano, subscritor da chapa Sempre Vasco, do candidato Julio Brant, na eleição do ano passado, vai defender, na Justiça, diversos funcionários demitidos por Eurico Miranda. O caso criou um conflito no grupo.
As trinta cadeiras da oposição são divididas entre membros da Sempre Vasco e Cruzada Vascaína, que fizeram uma coligação durante a eleição, mas não vivem dias de muita amizade há alguns meses. O fato de Alan Belaciano ter pego estes casos para defender deixou o clima ainda pior. Ele não é conselheiro e, oficialmente, não tem ligação com a oposição. Todavia, ainda é visto como membro ativo da Sempre Vasco.
O grupo Cruzada Vascaína, oposição desde os tempos da gestão Dinamite, não gostou nem um pouco da situação, embora entenda o fato de ele ser advogado e estar apenas exercendo seu trabalho. O problema é que, sendo ele o advogado, pode gerar munição para a situação.
– É importante lembrar que o doutor Alan (Belaciano) não representa a oposição do Vasco. Ele foi um dos subscritores da chapa Sempre Vasco, mas, após a eleição, nada tem a ver com a Cruzada Vascaína, que é o único grupo político legamente constuído da oposição. Entendemos que é o ganha pão dele, mas isso criou um mal estar entre os conselheiros da oposição, pois achamos bastante inoportuno da parte dele pegar esses casos contra a instituição Vasco da Gama – disse Carlos Leão, um dos conselheiros da oposição, e membro da Cruzada Vascaína.
Um dos clientes de Alan Belaciano é o antigo diretor executivo de futebol do clube, Rodrigo Caetano. O dirigente pede R$ 400 mil do clube na Justiça. Além deles, alguns funcionários estão desistindo do Sindicato e acionando o escritório de Alan, motivados por outros funcionários que saíram e são mais próximos do advogado.
– Nos dizem que ele (Alan) e o (Osvaldo) Sestário são os únicos que ganham do Eurico na Justiça, porque o Eurico tem medo dele. Aí alguns acreditam, não vão para o sindicato, e fecham com eles – disse um funcionário demitido pela atual gestão, que não quis ser identificado.
O problema já se estende desde janeiro. Cerca de 90 funcionários que saíram do clube reclamam de dois meses de salário atrasado (outubro e novembro), primeira parte do 13º, e rescisão. O Vasco se defende e repete, mais uma vez, que tenta parcelar a dívida junto ao Sindicato.
– Estamos tentando acordar junto ao sindicato para que os pagamentos sejam feitos, o que ocorre é um problema grande de caixa. A nossa ideia é parcelar as rescisões maiores. As menores já estamos pagando. Em relação a esse rapaz (Alan Belaciano), eu prefiro nem comentar – disse Silvio Godoi, 2º vice geral do clube.
ADVOGADO SE DEFENDE
O advogado Alan Belaciano se defendeu e garantiu que não há nenhum conflito entre a oposição, nem mesmo com a Cruzada Vascaína. Ele não perdeu a oportunidade de alfinetar a atual gestão e valorizar os direitos de funcionários que deixaram o clube e não foram pagos.
– Quem quer respeito tem que aprender a respeitar, principalmente o trabalhador e, mais ainda, quem dedicou anos da vida ao Vasco. Se o Vasco soubesse o significado da palavra respeito, entenderia que ele (respeito) deve começar dentro da nossa própria casa. Sou advogado e vou sempre defender o direito dos funcionários, principalmente os do Vasco, que são os verdadeiros responsáveis por transofmrar o Vasco no que ele é hoje – explicou.
Durante a eleição, foi Alan quem acionou a Justiça por diversas vezes para tentar o adiamento da eleição para novembro e o cancelamento da decisão do Conselho sobre a não extensão do mandato de Dinamite. Agora, faz questão de atacar o mandato de Eurico.
– Se o Vasco tem condição de abrir mão de um crédito de R$ 3 milhões (valor da dívida de Eurico perdoada pelo Conselho semana passada), não há motivo para não pagar os salários atrasados e as verbas rescisórias dos funcionários demitidos. É uma gestão temerária e irresponsável da atual diretoria. Se não querem ter ações judiciais, devem praticr uma gestão honrosa, respeitoisa e cumpridora dos seus deveres legais – disse.
Fonte: LANCENET!