
É como diz um ditado importante por aqui, “não tá fácil pra ninguém “. Uma crise daquelas, ó pá, e o portuga aqui caindo no bolinho de bacalhau. Ora bolas, nessas horas, pelo nosso Vasco, até os gajos abrem o bolso. Resolvi voltar para dar umas palavrinhas, a mão tá trêmula, os olhos marejados, mas o coração tá agitado, pulando como um belo peixe,desses mares por mundo afora.
Há muitos anos, quando decidi largar minha terrinha para vir pra essa nação irmã, eram muitas saudades, mas tive sorte, me apaixonei loucamente pelo gigante de São Januário. Lá eu descobri uma nova casa, a minha vida ganhou cor e uma Cruz de Malta também. Me enlacei de verdade pelo futebol, boquiaberto fiquei por nosso belo estádio. Que lindo! Só em saber que nossa torcida ergueu cada centímetro daquela arquibancada, me deixava com um orgulho danado. Nas vezes que sentava lá estendia até uma toalha, pois o respeito era tanto,mas tanto.
Fui me preenchendo com histórias de glórias. Soube também que todo vascaíno tinha um segundo lar, chamado Maracanã. Até me deram umas recomendações para quando eu fosse lá visitar: “seu cachopito, senta ao lado direito das cabines de rádio e TV, fique tranqüilo, “ o Maraca é nosso.”
Depois entendi que ganhamos esse direito em 1950, porque fomos os primeiros campeões do Estádio Mário Filho na final diante do América. Salve, Ademir Queixada! Lembrar mesmo é da época do grande Mazaropi pra cá. Meu querido goleiro, deu meu primeiro grande título. Época boa aqueles fins dos anos 70, eu era um gajo bonito, bigodes pretos.
No começo dos anos 80 , precisamente em 1982, devoramos nossos maiores rivais, mais festejos. Com isso, a saudade da terrinha foi ficando guardada, adormecida, eram muitas alegrias no nosso Club, até do charuto do “doutor” já fumei. A minha idade foi avançando um pouquinho mais , muitas glórias outras eu tive,comi muitas cocadas.
De repente, aquelas festas começaram a não ser tão repetidas e a saudade de casa começou a cutucar. Ficava relembrando dos fados, dos azeites, das lindas portuguesas. Mas eu aprendi o que é ser Vasco, nunca desacreditei, sobrevivi, e nesse maio de 2015 a festa voltou.
Que virtuosa conquista, que título lindo,mas esse deixo pra um outro saudosista contar, quando ele quiser gritar pro mundo que vale a pena ser vascaíno, a gente sofre de amor verdadeiro.
Pra encerrar, agora puxando a sardinha pro meu lado, o novo comandante tem o nome de um saudoso amigo que ficou lá em Lisboa, o Dorival. Ah Vasco, nossa história é tão unida, é pra lá de amor. Sofro em pensar que alguns moderninhos querem acabar com nosso carioquinha.
Por favor , não deixem!
Vascaínos Unidos
Texto: Claudio Parada
Foto: Roberto Filho