Rivais em tudo, diretorias de Vasco e Flamengo adotam modelos distintos de gestão

No céu, na terra, no ar. Onde for disputado um Clássico dos Milhões, a rivalidade sempre se fará presente, em estado bruto. Na tarde deste domingo, no Maracanã, na primeira das duas partidas que definirão quem seguirá à final, com transmissão em tempo real no site do LANCE! estarão, frente a frente, dois modelos distintos de administração. Trata-se, também, de um clássico ideológico.
 
Do lado rubro-negro, o presidente Eduardo Bandeira de Mello tenta implementar modelo administrativo pautado no profissionalismo, no qual os dirigentes amadores têm espaço cada vez mais reduzido. Na Gávea, quem tem voz ativa são os executivos, comandados pelo CEO Fred Luz, para centralizar as doutrinas e estratégias. Assim, os profissionais remunerados conduzem a gestão rubro-negra.
 
 

Mais chegado às tradições, Eurico Miranda, presidente do Vasco, leva o clube na direção contrária. Na Colina, os vice-presidentes, amadores, sem remuneração, são quem dão as cartas. Ao contrário do rival da Gávea, não existem executivos. No máximo, alguns gerentes assalariados.

 

No campo das ideias, assim como no futebol, não existem fórmulas matemáticas que definam, com precisão, o caminho certo para o sucesso. Mas parece apontar na direção de que o futebol Carioca, para crescer, precisa de modelos mais eficientes de administração.

 

 

Pensando assim, os clubes, mesmo que timidamente, buscam o melhor caminho para que, voltem a “respirar sem aparelhos”. No Flamengo, desde a chegada de Eduardo Bandeira de Mello, em 2013, a prioridade é a política de austeridade, visando ao pagamento de dívidas adquiridas nas administrações anteriores. A ideia inicial é deixar o futebol um tanto quanto de lado, nessa balança financeira. O mesmo pensamento tem Eurico que, neste início de mandato, adotou teto salarial para tentar buscar o melhor destino para as receitas. Com um olho no futuro e outro na taça, os torcedores agradecem.

 

COM MORAL

Certidões, patrocínio e salário em dia elevam gestão 

 

Durante a eleição presidencial do Vasco, no ano passado, o presidente Eurico Miranda foi o candidato que menos elaborou propostas. Basicamente, a campanha girava em torno de um lema: o resgate do respeito. Em pouco mais de quatro meses de mandato, no qual venceu com larga vantagem sobre os demais candidatos (Julio Brant e Roberto Monteiro), ainda é cedo para qualquer previsão. Todavia, algumas conquistas já foram sentidas neste início de ano.

Uma delas foi a obtenção das Certidões Negativas de Débito junto à Receita Federal, nos últimos dias do ano passado. Com elas, o clube abriu caminho para a renovação com a Caixa Econômica Federal, patrocinadora master do clube. O acordo ainda não aconteceu, mas correntes da diretoria afirmam que está bem encaminhado. Ao obter as CNDs, o Cruz-Maltino também poderá conseguir incentivos fiscais para possíveis reformas da sede vascaína.

Um outro ponto positivo foi o acerto com a Viton 44, que vai estampar o Guaraviton nas mangas da camisa neste ano e, ano que vem, deve expor a marca também nas costas. A expectativa é que o acordo renda pouco mais de R$ 15 milhões aos cofres do Vasco, até o fim de 2016.

Desde que assumiu a presidência, o salário em dia também tem sido uma rotina. Eurico se comprometeu com os jogadores a depositar o pagamento sempre no dia 10 de cada mês. Foi assim em fevereiro e março. Em abril, por problemas burocráticos, será pago apenas amanhã, mas os jogadores já foram comunicados e, ao que parece, entenderam a situação.


LEI DE RESPONSABILIDADE

Flamengo entr
a para a história no futebol

Desde que assumiu o Flamengo, em 2013, a atual diretoria fez questão de adotar um modelo de austeridade financeira, em prol de pagamento de dívidas antigas do clube. Além disso, ainda conseguiu as certidões negativas de débito com poucos meses no comando. Outro marco alcançado pela gestão atual, a menos de um ano do fim do mandato de Eduardo Bandeira de Mello, o Rubro-Negro incorporou, no início desta semana, em votação no Conselho Deliberativo, a Lei de Responsabilidade Fiscal ao estatuto do clube. 

De acordo com o Flamengo, o gesto consolida a manutenção da governança corporativa e valoriza cada conselheiro, que passa a aprovar e fiscalizar com mais eficiência vários atos de gestão através dos poderes do clube: Deliberativo, Conselho Fiscal e Conselho de Administração. Dessa forma, as boas práticas de gestão se tornam mais uma obrigação de qualquer diretoria eleita. 

Com essa aprovação, o Flamengo passa a ser o primeiro clube brasileiro a se adequar à Medida Provisória 671. De agora em diante, qualquer presidente ou vice-presidente eleito que tiver prática ilícita, sonegar tributos ou apropriação indébita, estará sujeito a perder o mandato e à inelegibilidade por cinco a 15 anos. Além do mais, poderá ser condenado a indenizar o clube com bens particulares, mesmo após o fim do mandato. De acordo com especialistas em gestão esportiva, esse é um passo que deveria ser seguido por todos os clubes brasileiros. Isso porque, neste modelo, os sócios são responsáveis pela instituição.


Fonte: Lance

Notícia anteriorMesmo com mistérios, Vasco e Flamengo vão com força máxima para o clássico
Próxima NotíciaFelipe: 'O Vasco respeita mais o Flamengo do que o contrário