
“Vou tentar conquistar campeonatos pelo Vasco. Isso é um sonho desde que eu vim para o clube. Ganhei títulos por todas as categorias que passei na base. Ganhar um pelo Vasco, também no profissional, será gratificante”, diz o meia canhoto de 20 anos, que está na Colina desde os 12, em entrevista exclusiva ao Caldeirão-Cruzmaltino.
Guilherme estourou idade nos juniores em 2014 e está disponível para o elenco da próxima temporada. O jogador saiu de férias sem ter garantias de aproveitamento, mas a expectativa é que tenha chances, pela sua qualidade, e também pela suposta aproximação de seu empresário, Carlos Leite, com Eurico Miranda.
Com contrato até 2018, Guilherme acumula 22 convocações para defender seleções de base, passando pelas equipes sub-14, 15, 16 e 17. Nesta última, foi um dos líderes da conquista do Campeonato Sul-Americano em 2011, no Equador, em que fez um golaço no jogo decisivo contra a Argentina.
Outros destaques daquele time, o lateral direito Wallace e o meia-atacante Lucas Piazon hoje pertencem ao Chelsea (estão emprestados a Vitesse e Eintracht Frankfurt, respectivamente), clube que chegou a sondar a promessa do Vasco. Quem esteve perto de levar Guilherme, no entanto, foi o Porto, em 2008, antes que o contrato que vigora atualmente fosse assinado.
O meia admite não pensar no momento em jogar fora do país, mas confessa que um dos objetivos da carreira é vestir um dia a camisa do Real Madrid, time preferido para assistir na televisão e também jogar no videogame. E o Vasco? Esse foi escolhido no Fifa 14, para que Guilherme pudesse sentir a emoção de jogar com um dos melhores amigos: Marlone.
Confira a entrevista exclusiva do Caldeirão Cruz-Maltino com Guilherme Costa.
Caldeirão Cruz-Maltino: Como você se descreveria como jogador de futebol?
Guilherme Costa: Sou um jogador que tem bom passe, bom chute de fora da área, uma bola parada boa também. Acho que sou um jogador moderno, dinâmico, que aprendeu a jogar taticamente, porque hoje em dia não se pode só atacar, tem que saber marcar também, independente de ser meia, atacante.

Caldeirão: Quem são suas referências como profissional?
Guilherme: Juninho Pernambucano é uma delas. Tive a oportunidade de treinar e conviver com ele. É um exemplo para mim como profissional e pessoa. Ele me deu alguns toques, quando eu treinei com o time de cima. É um exemplo, um exemplo de ídolo positivo, porque vemos vários jogadores se destacando por aspectos negativos.
Caldeirão: E com que meia você acha que tem estilo parecido?
Guilherme: Eu gosto muito do Ganso. Não que pareça tanto, mas é um cara que eu gosto de ver jogar. Por também ser canhoto, ser da minha posição. Ele é muito inteligente. Procuro me espelhar nele.
Caldeirão: Se você pudesse tirar uma qualidade do Ganso e trazer para você, qual seria?
Guilherme: Ele pensa muito rápido, acho que seria isso. Eu procuro pensar rápido também, mas ele pensa além do normal.
Caldeirão: Quais seus planos para 2015?
Guilherme: Meu objetivo é ir para o profissional do Vasco, treinar forte e, quando receber oportunidade, saber aproveitar da melhor forma. Eu quero muito disputar o Carioca, aproveitar minhas chances.
Caldeirão: Como foi acompanhar a Série B do lado de fora, sem jogar?
Guilherme: Foi complicado. Eu ficava torcendo muito para que o Vasco saísse logo da Série B. Mas eu acho que o clube tem tudo para fazer um bom ano de 2015.
Caldeirão: Acha que faltou espaço para você na Série B? Até por ser um campeonato que é brigado, mas de nível inferior?
Guilherme: Eu acho que a comissão sabe bem o que faz, mas é óbvio que eu queria ser aproveitado. Tem outros garotos, como o Henrique (lateral-esquerdo) e o Marquinhos (atacante), que poderiam ser mais aproveitados, mas a gente respeita a decisão de quem comanda.
Caldeirão: Acha que, se o Vasco precisar apostar na base, há uma geração pronta para dar conta do recado?
Guilherme: Eu acho que uma mescla, não só garotos, mas temos bons nomes e iríamos fazer bonito. Não iríamos deixar a desejar.
Caldeirão: Suas lesões te prejudicaram?
Guilherme: Bastante. Meu período de juniores foi bem complicado, mas hoje graças a Deus eu tô bem, sem nenhuma lesão.
(Nota: Guilherme chegou a ficar parado seis meses por um problema no púbis. Além disso, teve problemas no joelho e duas vezes no tornozelo.)
Caldeirão: Você fez muitos treinos no profissional, o que é diferente de atuar nos juniores?
Guilherme: É legal, mas é complicado porque você sai de um lugar que tem certa credibilidade e vai para um local que voc
ê tem que mostrar serviço. Mas os caras te deixam bem à vontade, e treinar com quem você vê na TV, que é referência, é muito maneiro. Eu procuro aprender bastante com eles.
Caldeirão: Toda vez que você treina no profissional, há expectativa, é noticiado na imprensa. Isso gera pressão em você?
Guilherme: Pode ser até que crie, que gere um nervosismo, mas aí você chega em campo e logo esquece de tudo. Eu procuro ficar tranquilo para realizar meu trabalho.
Caldeirão: O Vasco teve dois jogadores com caminho parecido ao seu, de criar expectativa desde a base, Alex Teixeira e Philipe Coutinho. Você pensa em ter trajetória parecida?
Guilherme: Eu penso em chegar. Se eu chegar, vou tentar conquistar títulos pelo Vasco. Isso é um sonho desde que eu vim para o clube. Ganhei títulos por todas as categorias que passei na base. Ganhar um título pelo Vasco, também no profissional, será gratificante.
Caldeirão: Então para te seduzir e te tirar do Vasco não será qualquer proposta?
Guilherme: Pois é. Além de eu ser vascaíno desde criança, tem isso dos títulos. Quero ganhar títulos pelo Vasco.
Caldeirão: Ganhando títulos, se firmando, o que você pensa no futuro?
Guilherme: Na verdade, eu não penso muito sobre o futuro. A trajetória normal de jogador que se destaca no Brasil é ir para a Europa. Pode ser que se houver oportunidade eu vá. Iria mesmo, mas hoje eu não penso muito nisso.
Caldeirão: Existe alguma camisa que você imaginaria vestir?
Guilherme: Eu sou suspeito para falar porque sou fã do Real Madrid. Gosto muito de ver o Real jogar. É uma camisa que me atrai, ainda tem Cristiano Ronaldo, Bale.

Caldeirão: Você foi convocado 22 vezes para a seleção, o que marca mais nessas experiências?
Guilherme: Além das amizades, acho que cresci muito na seleção, profissionalmente falando. Estava mais acostumado a jogar contra times do Rio, aí você vai jogar contra Argentina, Paraguai, Uruguai. São estilos completamente diferentes. São competições muito boas de disputar (as continentais).
Caldeirão: Existe algum momento mais especial com a camisa da seleção?
Guilherme: Foi na final do Sul-Americano contra a Argentina. Eu fiz um golaço de falta e a gente ganhou por 3 a 2. Algumas pessoas ainda se lembram desse gol e sempre me perguntam, se quis fazer mesmo, se quis chutar no gol. Ficou marcado.
Caldeirão: Há algum tempo se fala em dar sequência aos jogadores que vestem a camisa da seleção na base. Como é nos bastidores, há uma preparação para vocês?
Guilherme: Enquanto eu tava lá, eles sempre falavam do caminho, de a gente estar na frente de muita gente, por estarmos em evidência na seleção. O Gallo [atual coordenador das divisões de base da CBF], por exemplo, conversa com o profissional, e aí fica mais fácil de alguém da base ser aproveitado lá em cima.
Caldeirão: Pela idade, você deve curtir jogar videogames, não é?
Guilherme: Jogo. Jogo Fifa 15 e ganho de todo mundo lá no Vasco, na época profissional do [Fellipe] Bastos, Bernardo. Agora ganho do pessoal da base, Henrique, Marquinhos.
Caldeirão: E joga com que time?
Guilherme: (Risos) Com o Real Madrid. Com o Vasco não, porque a gente joga mais com os times de fora. Mas, por exemplo, eu já joguei com o Marlone, que é muito meu amigo. Quando lançou o Fifa (na versão 2014), eu quis jogar com o Vasco, para poder jogar com ele. Pô, o moleque ali do meu lado, no dia a dia.

Para finalizar, um bate-bola, em que o meia avalia alguns companheiros das divisões de base do Vasco.
Jordi.
“Ele tem tudo para crescer no Vasco e daqui a pouco virar um ídolo. Ele pega muito, já vem se destacando faz um tempo, além disso, recebeu oportunidades e aproveitou”.
Henrique
“Tem uma qualidade absurda. Ele era meia, né? Joguei a minha vida toda com ele na meia. Acabou que no juniores foi para a lateral e acabou subindo com o Dorival (Júnior). É meu melhor amigo no Vasco. Estamos desde 2006 juntos. É um moleque sensacional”.
Thalles
“É um monstro. Um cara que eu gosto de jogar. É aquele cara que você olha lá para frente e pode dar a bola que ele vai segurar, porque tem corpo, é forte. E não só dar a bola no pé dele, você pode dar na frente porque a arrancada dele é muito boa. Tem tudo para, na próxima Copa, ser um nome cotado”.
Fonte: Caldeirão Vascaíno – ESPNFC